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Antropocentrismo e Biocentrismo

segunda-feira, 29 de março de 2010

A sociedade humana foi criada sobre uma base extremamente segregária, que enaltece a doutrina do Antropocentrismo, ou seja, uma doutrina que coloca o humano como o centro do universo. Segundo esta forma de pensamento, tudo gira em torno de nós, seres humanos.

Justamente por causa do antropocentrismo, a maioria esmagadora dos humanos não se preocupa com os demais seres vivos da mesma forma como se preocupa com os seus semelhantes. Trata-se, portanto, de uma forma de pensar [ e agir ] totalmente errônea e causadora da quase ausência de sentimentos em relação aos outros animais que, de acordo com esta doutrina, são considerados seres inferiores que estão, tão somente, a nossa disposição para uso da maneira que melhor nos convir.

Por outro lado, temos uma doutrina que vai de encontro ao antropocentrismo, chocando-se com esta forma antiética de enxergar o mundo. Esta outra doutrina é o Biocentrismo, que nos proporciona a possibilidade de enxergarmos uma unidade universal, onde todos os seres vivos são considerados indivíduos possuidores da mesa significância, ou seja, com a adoção desta forma de pensamento, os humanos descem do seu trono centralizador e se juntam igualmente a todos os demais organismos da biosfera e de todo o universo.

É mais que óbvio que uma forma de pensamento igual a esta, contraria a essência da sociedade humana, bem como a essência do "espírito" humano, representado pelas doutrinas religiosas. Mas só contraria por que os princípios essenciais da nossa sociedade reduzem a Natureza a um simples elemento, que deve ser usado e abusado pelo Homem, se aproveitando da diversidade entre as espécies para justificar, nas suas diferenças, a exploração humana sem restrições sobre os outros seres.

Mesmo neste cenário oposicionista da raça humana, o biocentrismo ainda encontra o seu espaço entre nós. Há muito se fala sobre os Direitos dos Animais não humanos e, no decorrer da história da sociedade humana, observamos várias tentativas do Homem de preservar as demais espécies do seu jugo impositor. Porém, muitas dessas tentativas de inserção do biocentrismo nas leis da nossa sociedade, acabaram por criar proteções jurídicas que, no frigir dos ovos, visam apenas o bem-estar e a sobrevivência da própria espécie humana, contrariando a essência doutrinal do biocentrismo e estabelecendo mais forças ao paradigma antropocêntrico.

Um exemplo que ilustra muito bem o que estou dizendo, é o texto referente ao Meio Ambiente do Artigo 225 do Capítulo VI, da nossa Constituição Federal de 1988, que diz:

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações".

Logo, nem mesmo a nossa Constituição foi sábia o suficiente para enxergar que os animais não humanos devem possuir seus próprios direitos e que o Homem, idealizador e agente das Leis, deve ser o signatário dos direitos daqueles que não fazem parte da sua espécie, assegurando que sejam respeitados mediante a punição dos próprios humanos que praticarem atos criminosos contra os demais seres vivos.

Contrariando a pragmática do antropocentrismo, foi instituída e proclamada pela UNESCO, em 27 de janeiro de 1978, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, com o intuito de estabelecer que o respeito dos Homens pelo seu semelhante deve ser associado intrinsecamente ao respeito dos Homens pelos demais animais, e que toda a educação ministrada aos Homens, desde a sua infância, deve ser centrada na compreensão do respeito e amor aos animais de outra espécie e a toda a Natureza.

Foi com base nesta Declaração, que surgiu pelo mundo diversas leis em favor dos animais não humanos. Mas, de qualquer forma, não podemos negar que a Declaração Universal dos Direitos dos Animais foi promulgada muito tardiamente. Porém, muito antes disso, já havia um intenso trabalho para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de tratarmos os outros animais de uma forma mais correta e justa.

Foi com esta premissa que surgiu em 25 de outubro de 1809, durante uma reunião aparentemente banal em um café na Bold Street, em Liverpool, Inglaterra, a primeira instituição protetora de animais do mundo, a Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals, conhecida como RSPCA Liverpool, que completou 200 anos de atividade em 2009.

Aqui no Brasil, a primeira instituição de proteção aos animais surgiu a 115 anos, em 1895. Trata-se da União Internacional Protetora dos Animais, conhecida como UIPA, e fundada pelo médico sanitarista e político carioca de origem inglesa, Dr. Ignácio Wallace da Gama Cochrane.

A partir desta iniciativa, muitas outras instituições com as mesmas pretensões foram surgindo em nosso país, estabelecendo diversos avanços na esfera legislativa, como a nossa primeira Lei a mencionar a proteção aos animais, o Decreto 24.645, promulgado em 10 de julho de 1934, durante o Governo de Getúlio Vargas.

Outras conquistas, como a alteração dos artigos 27 e 28 da Lei 5.197/67, tornando crimes inafiançáveis os atentados aos animais silvestres nativos; a inclusão do artigo 225 da Constituição Federal; a tipificação dos crimes contra a fauna na Lei 9.605, de Crimes Ambientais, bem como as mais recentes, que proíbem a utilização de animais em circos em vários estados e municípios brasileiros, e a decisão judicial que proíbe a detestável Farra do Boi, são frutos do trabalho de articulação de ONG's e demais instituições de proteção aos animais não-humanos em nosso país, com representantes do Ministério Público e políticos simpatizantes da causa.

Em 17 de Novembro de 2009 foi aprovado por unanimidade, através da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, o Projeto de Lei que proíbe a exibição de animais em circos em todo o território brasileiro e substitui o antigo Projeto de Lei número 7291/06, que dava o direito absurdo aos circos de possuir animais da nossa fauna silvestre e exótica, para uso em seus espetáculos.

O primeiro Projeto de Lei, de 2006, que regulamenta o uso de animais nos circos, é de autoria do Senador Álvaro Dias, do PSDB. Antes, porém, já havia outros projetos de lei e emendas semelhantes, como também outras emendas contrárias redigidas por vários Deputados e Senadores. Por fim, este novo projeto de lei, que já passou pelo Senado e aguarda a aprovação final do Plenário ainda neste semestre, colocará o Brasil em pé de igualdade, neste setor legislativo, com países como Áustria, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Israel, Índia, Singapura e Costa Rica.

Com esta Lei, os donos de circos terão de parar imediatamente de utilizar os animais em espetáculos, mas possuirão o prazo de oito anos para decidir sobre o futuro deles, que deverão ser encaminhados a zoológicos registrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, IBAMA. Uma regra no projeto veta a doação dos bichos para circos de outros países.  

Dentre as muitas pessoas que lutam em prol dos Direitos dos Animais, posso destacar a Dra. Edna Cardozo Dias, Professora de Direito Ambiental e Urbanístico da UFMG, e Presidente da Liga de Prevenção da Crueldade contra o Animal, fundada em 1983, que declara o seguinte:

"Se cotejarmos os direitos de uma pessoa humana com os direitos do animal como indivíduo ou espécie, constatamos que ambos tem direito à defesa de seus direitos essenciais, tais como o direito à vida, ao livre desenvolvimento de sua espécie, da integridade de seu organismo e de seu corpo, bem como o direito ao não sofrimento. Sob o ponto de vista ético e científico é fácil justificar a personalidade do animal."

Recentemente comemorei a inauguração da Primeira Delegacia de Proteção aos Animais [ não humanos ] do Estado de São Paulo, com sua sede no 4.º Distrito Policial de Campinas, sob o comando da Delegada Dra. Rosana Mortari. Trata-se de uma iniciativa inédita em São Paulo, e espero que seja disseminada por pelo menos todos os municípios com mais de 100 mil habitantes, servindo assim de Sucursal aos municípios menores.

Sem dúvida estamos avançando no reconhecimento dos Direitos dos Animais, mas infelizmente ainda falta muita conscientização sobre isto. Sinto que já passou da hora de termos um Hospital Público para atendimento aos animais, aos moldes do SUS, Sistema Único de Saúde. E não me venham dizer que falta verba para isto, porque é uma mentira! O que falta é vergonha na cara dos políticos que não enfrentam esta questão da forma como deveria, simplesmente porque não se trata de um assunto que cause comoção social; ao contrário: este é um tema difícil de ser "digerido" pelo eleitorado, causando até mesmo indignação por parte da maioria da população, que acredita ser este tema uma afronta contra as carências proporcionadas pela saúde pública àqueles que necessitam de um atendimento médico de qualidade.

Mas a Saúde Pública está falida por outros motivos, que envolvem desvio de verbas e corrupção. A proposta da criação de um Hospital Público para atendimentos de animais, não passa pelo uso das verbas já direcionadas ao SUS. Deveria haver uma política que gerenciasse as verbas oriundas das vendas de Crédito de Carbono, que são obtidas através dos Leilões de RCEs (Reduções Certificadas de Emissão) promovidos pela Prefeitura Municipal de São Paulo e por vários outros órgãos administrativos do nosso país.

Entre 2007 e 2008, a Sub-Prefeitura de Perus, um bairro-cidade no extremo da zona oeste de São Paulo, recebeu do banco holandês FortisBank a quantia de 34 milhões de reais pela venda de 808.450 Créditos de Carbono.

Na época, um Forum da Agenda 21 daquela região, formado pelos distritos de Jaraguá, Pirituba, Perus e Anhanguera, promoveu diversas reuniões para tratar sobre o destino dos milhões que viriam para Perus. A maior parte daquelas reuniões tratou sobre uma questão específica, que tinha por um lado os defensores da implantação de um Hospital Veterinário Municipal e, do outro, a população que não aceitava um investimento desse tipo, já que não dispunham até então de um Hospital Municipal para atender pessoas!

Passados quase três anos, eu não sei o que aconteceu com este dinheiro todo! Pelo que pude apurar, foram construídas e reformadas algumas praças públicas em Perus e algumas benfeitorias no aterro municipal Bandeirantes, localizado também no bairro de Perus, e que foi o principal gerador dos Créditos de Carbono que foram vendidos.

Como eu disse, falta uma gestão eficiente para apurar o direcionamento eficaz dos recursos obtidos com a venda de Créditos de Carbono. Só sei que o Hospital Veterinário Público não saiu do papel, ou melhor, nem se quer foi descrito como um projeto!

Portanto, a questão do reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos não depende apenas da existência de Leis de proteção, e sim de uma real mudança do paradigma ético, da passagem do antropocentrismo para o biocentrismo, da valoração dos animais não mais pelo seu valor econômico ou pelo uso antrópico, mas sim pela sua existência enquanto indivíduos.

Finalizando, deixo duas ideias para os políticos que desejam abraçar as causas ambientais: promovam a ideia de um Hospital Veterinário Público com recursos da venda de Créditos de Carbono e defendam a implantação de um projeto concreto de educação ambiental nas escolas públicas e privadas!

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NÃO PERCAM! UM SÉCULO DEPOIS DO GRANDE SUCESSO, ESTREIA "A REVOLTA DA VACINA" 2 - A MISSÃO!

terça-feira, 23 de março de 2010

subtítulo deste artigo:
LENDAS URBANAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS - PARTE II


Se a obra "Admirável Mundo Novo", do inglês Aldous Huxley, tivesse sido publicada em 1904, com certeza os leitores da época imaginariam aquele futuro improvável como algo possível de se viver somente no século XXI. Digo isto porque em 1904 o mundo era muito diferente do que é hoje e seria difícil imaginar os avanços que aconteceriam nos próximos 100 anos.

Para se ter uma ideia, em 1904 nascia Roberto Marinho e ninguém poderia imaginar que aquele então bebezinho fosse construir um império de comunicação como as Organizações Globo. Da mesma forma, naquele mesmo ano nascia Reinhard Heydrich e também ninguém poderia imaginar que aquele bebezinho de olhos azuis fosse se tornar o temível Comandante da SS Nazista, depois apelidado de "Carniceiro de Praga", pelas inúmeras atrocidades que cometeu contra o povo da ex-Checoslováquia.

Se hoje falamos em trêm-bala no Brasil, em 1904 estava sendo inaugurado o Metrô em Nova Iorque. Se hoje vivemos a era Obama, em 1904 os EUA estava recebendo Theodore Roosevelt como presidente. Se hoje voltamos a discutir a posse das Ilhas Malvinas pela Inglaterra, em 1904 o Brasil terminava uma disputa internacional com a Inglaterra pelo território de Roraima, hoje Estado. Se hoje assistimos "Avatar", de James Cameron, em 3D, em 1904 os fãs do cinema se maravilhavam com os efeitos de Georges Méliès, o pai do cinema-ilusão.


Mas se com todos estes exemplos fica claro que muita coisa pode mudar em 106 anos, infelizmente há coisas que insistem em continuar na mesma! Impossível? Pois abra a sua caixa de e-mail e veja se algum amigo seu já lhe enviou uma mensagem sobre os perigos da vacina contra a gripe H1N1.

Em 1904 não existiam as facilidades da internet e a melhor forma de propagar um boato era imprimir milhares de panfletos ou publicar artigos polêmicos em semanários. E foi neste ambiente que nasceu a Revolta da Vacina, um movimento popular no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, apoiado pelos cadetes da Escola Militar carioca e que se transformou numa tentativa de golpe de Estado.

O personagem principal deste episódio histórico foi o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz, que com o apoio do Governo promulgou a lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. Na época a população não acreditava que as doenças fossem causadas por agentes microscópicos, como os vírus, e acreditavam que aquela história de vacina era uma grande bobagem.


Para piorar ainda mais, acontecia na mesma época uma sutil articulação de um golpe contra o então Presidente Rodrigues Alves, por um grupo de militares e intelectuais que defendiam a volta de Floriano Peixoto ao poder. Este grupo percebeu que poderia canalizar a insatisfação popular causada pela vacina, em favor da sua causa política.

Por outro lado, a falta de sensibilidade política de Oswaldo Cruz acabou inserindo muitas medidas autoritárias na campanha de vacinação, o que contribuiu ainda mais para a insatisfação popular. Juntou-se a isto vários boatos contra a vacina financiados pelos monarquistas, que apostavam na desordem como um meio de voltar à cena política. E, junto aos boatos dos monarquistas, apareceram também outros boatos criados pelos golpistas que apoiavam Floriano Peixoto. O caos foi generalizado, principalmente depois de um boato que dizia que a vacina contra a varíola deveria ser aplicada nas "partes intímas" das pessoas. Uma notícia dessa numa então sociedade totalmente machista era uma verdadeira afronta, pois os maridos iriam ser obrigados a deixar os sanitaristas verem suas esposas nuas!

Dá para imaginar o que aconteceu. O povo, revoltado com a "invasão de privacidade" supostamente causada pela nova campanha de vacinação, foi às ruas em passeata destruindo tudo o que encontrava pela frente!

Trezentos cadetes armados lideraram a passeata rumo ao Palácio do Catete, sede do Governo. A revolta só foi contida no dia seguinte, quando os cadetes se renderam e a polícia conseguio cercar a população, além da intervenção da Marinha, que bombardeou a Escola Militar, que era o QG da revolta. O saldo final desta confusão maluca causada pela ignorância e pela crença em boatos infundados, foi de 30 mortos, 110 feridos, 1.000 presos e mais de 400 deportados!


Antes disso, Oswaldo Cruz já vinha enfrentado outras batalhas em prol da saúde pública, como as campanhas de erradicação da Febre Amarela e da Peste Bubônica, também desacreditadas pela população, que achava um absurdo internar as pessoas a força só porque estavam com febre, além de não acreditar que um inofensivo rato fosse capaz de causar a Peste Bubônica. Porém, cinco anos depois, em 1909, não era registrada na cidade do Rio de Janeiro, mais nenhuma vítima da Febre Amarela, e as mortes causadas pela Peste Bubônica diminuíram de 1.000 para 48 ao ano.




Voltemos aos nossos dias, ao nosso cotidiano cosmopolita e voltemos também alguns parágrafos acima, quando eu lhe pedi que desse uma olhada na sua caixa de correspondência eletrônica. Se você já recebeu algum e-mail alertando contra a Campanha da Vacina da gripe H1N1, a famosa gripe suína, você com certeza ainda está meditando sobre esta questão, se perguntando se é ou não real este alarme todo. Mas se você não recebeu ainda nenhum e-mail do gênero, com certeza já deve ter ouvido algo a respeito vindo da boca de algum conhecido ou lendo em algum jornal. Acontece que, lamentavelmente, 106 anos após a histórica "Revolta da Vacina", estamos assistindo a uma continuação deste blockbuster!


Pois bem, você conhece Jane Bürgermeister? Não? Pois eu também não conheço ou, pelo menos, não conhecia até pesquisar mais sobre esta mulher. Jane Bürgermeister é uma jornalista austríaca muito conhecida em alguns países, como a Inglaterra, Irlanda e Austrália, onde escreve matérias sobre saúde e medicina em jornais e tablóides de segunda categoria. Embora tenha uma fama suspeita, esta jornalista também já teve alguns artigos publicados em periódicos conceituados, como Nature, o British Medical Journal, The Scientist, a Reuters Health, o Guardian e o Observatório Mundial de Energia Renovável. Mas o que a deixou mais conhecida foi um processo de queixa-crime que abriu contra a OMS ( Organização Mundial da Saúde ), a Baxter AG International ( indústria farmaceutica ) e o Governo Americano, alegando que estes órgãos eram os responsáveis diretos pela suposta criação de uma falsa vacina composta de vírus geneticamente alterados, que está sendo usada como pretexto para a prevenção de uma falsa epidemia provocada pelo vírus H1N1 que, segundo a mente conspiratória de Jane Bürgermeister, também se trata de um vírus criado em laboratório! Confuso, né? Mas sempre devemos lembrar que há louco pra tudo neste mundo!

Indo na onde desta maluquice, apareceu uma tal de Dra. Rauni Leena Luukanen-Kilde, que consta nos boatos ser uma ex-ministra da Saúde da Finlândia, quando na verdade apenas exerceu por um curto período um cargo de chefia de um órgão semelhante a uma Secretaria de Saúde na Lapônia. Esta doutora já provou que é mais uma maluca, pois em sua biografia consta a autoria de livros sobre discos voadores, abduções, controle da mente por ondas de rádio e outros temas que começam onde a ciência termina! No Youtube você encontra um vídeo dela falando sobre a abdução que sofreu logo após um acidente de carro em 1986.

Uma rápida busca pelo Google pode nos fornecer várias informações sobre esta mulher, que afirma que os Nazistas foram à Lua na década de 40 do século passado e deixaram lá uma bandeira com a suastica, além de dizer que os americanos já foram para Marte antes mesmo de alcançarem a Lua e continuam fazendo viagens por diversos planetas há décadas, sempre de forma oculta e secreta!


Pois esta Dra. Rauni Leena também aparece nos e-mails que transmitem o boato contra a vacina, "ratificando" as ideias da jornalista Jane Bürgermeister. Mas o problema maior não é a existência destas duas malucas e sim a engenhosa trama que os inventores desta conspiração criaram para distribuírem esses boatos contraditórios que estão enchendo as caixas de correio eletrônico de todo mundo. A trama toda se apóia em meias-verdades sobre a produção de vacinas e a epidemia do H1N1 que assolou boa parte do planeta em 2009.

Os boatos possuem diversas versões, sendo todas elaboradas por grupos internacionais que defendem o não-uso de vacinas. Estes grupos foram formados na década de 70 do século passado, em sua maioria nos EUA e no Canadá, logo após a o surgimento de boatos que colocavam as vacinas como culpadas do nascimento de crianças autistas.

No Canadá encontramos um dos mais influentes grupos contra a vacinação, que hoje já faz parte da política local, o Partido da Verdade e da Liberdade ( Truth and Freedom Party of Canada ). Reproduzo aqui ao lado uma cópia do panfleto que eles distribuem naquele país. Para ver a imagem original em PDF, clique AQUI.

Bem, agora que toda a história foi comentada, me disponho a "destrinchar" uma das versões deste e-mail que anda circulando por aí desde o ano passado. No texto encontramos várias frases desconexas, que evidenciam que se trata de uma mensagem feita por alguém de fora do Brasil, que desconhece algumas peculiaridades do nosso país, além de não ficar claro de onde o suposto remetente escreve, como vamos ver adiante:



No início do texto hoax deste e-mail, vemos a seguinte frase:  "Recebi este e-mail de uma amiga"
Quem é esta suposta amiga? Não há referencia alguma que possa endossar esta mensagem!

Logo depois observamos: "NÃO tomar essa vacina assassina que estão querendo que seja compulsória acho que é Tamiflu"
Bem, esta mensagem foi criada em agosto de 2009, quando ainda poucas pessoas sabiam o que era Tamiflu. Hoje sabemos que não se trata de uma vacina, é o medicamento fosfato de oseltamivir, indicado para o tratamento e para a profilaxia da gripe H1N1 em adultos e crianças a partir de 8 anos de idade, conforme descreve a bula fornecida pelo Ministério da Saúde.


Encontramos esta outra frase, que diz que "pessoas estão trabalhando arduamente para impedir este genocídio em massa do planeta, ela [ a vacina ] tem mercúrio e oleo de esqualeno, que são altamente tóxicos".
Lembra que eu falei de meias-verdades? Pois bem, aqui está uma delas. Realmente a vacina contra o vírus H1N1 possui mercúrio em sua composição, mas não se trata do dimetilmercúrio, que é uma substância proibida para uso biológico. O mercúrio encontrado nesta e em todas as vacinas de múltiplas doses existentes é o etilmercúrio, que nada mais é que um conservante que mantém a vacina própria para uso mesmo depois que o frasco foi aberto. Já o óleo de esqualeno é uma substância natural produzida por plantas, animais e até seres humanos. Esta substância é produzida pelo fígado e se espalha por todo o nosso sistema circulatório. O esqualeno é adicionado para melhorar a eficácia de diversas vacinas experimentais.


Outra frase intrigante é esta: "Aliás, aí na America, a loucura já chegou ao ponto de dizerem nas TVs que mercúrio é bom pra população!"
Aqui somos levados a crer que o suposto informante está escrevendo de outro continente. E acredito que ninguém nunca viu na TV um disparate desses! Em outra parte da mesma mensagem, encontramos uma frase que cria uma confusão em relação ao local onde o remetente se encontra:  "Hoje no trabalho uma cliente disse que no hospital de Acari..."  Ora, a pessoa está em outro continente ou está aqui no Brasil? Mais adiante chegamos a conclusão que nem mesmo a pessoa que escreveu sabe onde ela está: "Aqui no Rio o Butantã..."   Butantã no Rio de Janeiro?


Mais um erro idiota: "... a Fio Cruz estará aplicando Tamiflu na população". Sabemos que Tamiflu não é aplicado em ninguém, pois é um medicamento que deve ser tomado e não injetado, já que a sua apresentação é em comprimidos ou em pó para suspensão via oral! Além disso, a Fiocruz, a Fundação Oswaldo Cruz, tem como atribuição a pesquisa de novas vacinas e não a sua aplicação.


Desde o início do ano, uma nova versão desta mensagem "terrorista" começou a circular na internet brasileira. Trata-se de uma versão mais atual, sem tantos erros gramaticais e excluído algumas informações contraditórias que apareciam na versão anterior. A ideia desta nova mensagem é criar uma aproximação da população brasileira ao tema, já que nesta segunda-feira, dia 22 de Março, teve início a segunda fase da Campanha de Vacinação contra o vírus H1N1 no Brasil; fase esta que se distingue da anterior pelo fato de dar início a vacinação da população, e não mais apenas dos profissionais da área médica.

Descrevo agora as mentiras contidas nesta última versão, que aparece com dois títulos:
"8 Motivos para não tomar a vacina da H1N1" e "8 RAZÕES PARA VOCÊ NÃO TOMAR A VACINA H1N1":



O primeiro suposto motivo se refere ao mercúrio, que já expliquei anteriormente, bem como a questão do óleo de escaleno, mencionado no segundo suposto motivo para não tomar a vacina :

"1. A vacina H1N1 contém mercúrio - a segunda substância mais perigosa do planeta depois do urânio! O veneno de uma cascavel é menos perigoso que o mercúrio! O Mercúrio em outras vacinas está ligado à epidemia de autismo entre crianças!"

"2. Ela contém esqualeno, uma substância que quando injetada no corpo pode fazer o sistema imunológico humano voltar-se contra si mesmo!"


"3. Ela contém células de câncer de animal que pode provocar câncer nas pessoas!"
Neste terceiro suposto motivo, encontramos a menção às células de animais com câncer. Este absurdo advém de uma meia-verdade. Ultimamente os laboratórios estão sendo alvos de denuncias reais sobre testes de novas vacinas feitas em cães. Diversas ONGs de Proteção aos Animais protestam contra este fato. Eu, pessoalmente, também sou contra esta medida, mas infelizmente cães estão sendo usados como cobaias por serem animais de porte maior, bem diferentes dos tradicionais testes feitos em ovos de galinha. Os laboratórios alegam que com estes testes se pode chegar bem mais rápido à uma fórmula eficaz da vacina, e que fazem uso de experimentos com cães somente quando se necessita de uma nova vacina com urgência, como neste caso da gripe H1N1. Porém, dizer que as vacinas estão contaminadas com células cancerígenas de animais, é um absurdo sem fundamento!


"4. Até o governo federal não está confiante quanto à segurança da vacina H1N1, é por isso que foi dada às indústrias farmacêuticas imunidade contra ações judiciais. Isto significa que se seu filho ou esposa ficar inválido ou morrer por causa da vacina H1N1, você não poderá processar a indústria farmacêutica que fez a vacina!!!"
Mais um absurdo! Sabemos que vacinas desenvolvidas contra gripes, seja a H1N1 ou Influenza tradicional, não possuem caráter de imunidade e sim de prevenção. Os vírus que transmitem quaisquer tipos de gripes são altamente mutáveis e as vacinas para este tipo de doença apenas auxiliam o combate a uma possível infecção, e não criam uma imunidade total na pessoa que tomar a vacina. Prova disto é que todos os anos devemos tomar vacinas contra gripe, simplesmente para manter o organismo mais resistente aos vírus. Um idoso que toma a já tradicional vacina contra a gripe comum, não está totalmente protegido; está somente menos propenso a pegar uma gripe!



"5. A entrada no mercado da vacina foi acelerada, o que significa que todos os efeitos colaterais a médio e longo-prazo não são conhecidos!"
Basta você fazer uma simples busca no Google com as palavras "testes da vacina h1n1" (sem aspas) para acompanhar cronológicamente todos os diversos testes feitos em humanos, desde Setembro de 2009, nos EUA, na China, Europa e aqui no Brasil, através do Instituto Butantã.



"6. Em 1976 o instituto médico afirmou que havia uma situação crítica relativa à gripe suína, quando de fato somente 5 pessoas em todo o país adoeceram com ela. A situação crítica foi uma fraude na época tal como é uma fraude agora. As pessoas começaram a morrer ou ficarem inválidas após tomarem a vacina contra a gripe suína!"
Talvez esta afirmação seja a única na qual devemos ter certa consideração, pois de fato aconteceu um surto repentino em 1976 nos EUA, como você pode constatar nesta reportagem publicada na Folha de São Paulo.



"7. As estatísticas e os fatos estão sendo manipulados para provocar pânico! O número de pessoas que supostamente estão com o H1N1 são somente estimativas, não números reais. Os testes usados para o H1N1NÃO são aprovados pela FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos EUA), e esses testes NÃO são confiáveis! Os poucos que supostamente morreram por causa do H1N1 também estavam com pneumonia ou outras doenças; entretanto, o instituto médico quer que você acredite que o H1N1 foi a única causa dessas mortes."
Que coisa! Isto me faz lembrar o pensamento idiota daquelas pessoas que não acreditam até hoje que houve o holocausto! A FDA -Food and Drugs Administration, n
ão aprovou os testes iniciais contra a H1N1 porque não foram eficazes no combate, mas assim que descobriram que o Tamiflu podia ser utilizado com eficácia, todos os órgãos controladores de medicamentos aprovaram a medida, tanto que este medicamento é utilizado até hoje no tratamento desta doença. Houve uma verdadeira maratona nos primeiros meses da epidemia para se encontrar um tratamento adequado e, finalmente, se chegar a esta vacina. Em relação às mortes, até o dia 21 de janeiro de 2010 foram registradas 14.378 mortes em decorrência do surto da gripe H1N1 em todo o mundo, sendo que no Brasil houve 1.632 óbitos até a mesma data. Gostaria que o desequilibrado que criou este boato falasse isto na cara de uma das milhares de mães que perderam seus filhos por causa desta doença!


"8. De acordo com as declarações dos Centros de Controle de Doenças, Agência de Drogas e Alimentos e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o H1N1 é uma doença moderada da qual muitas pessoas se recuperam em uma semana sem medicação!"
É claro! Deveriam ter avisado isto antes, assim as milhares de pessoas que morreram a toa, poderiam ter "enrolado" a morte por uma semana e, no final, se saírem bem!




Agora pessoal, cabe a cada um nós fazer o bom uso do raciocínio, que é inerente ao pensamento humano, e reconhecer que os avanços da ciência são extremamente superiores às crendices que povoam o folclore místico das lendas urbanas. Devemos saber separar os contos da carochinha da realidade dos fatos! Em pleno século XXI não há mais espaço para uma nova "Revolta da Vacina".


Portanto, verifiquem o calendário desta campanha de vacinação e compareça aos Postos de Saúde nas datas em que você se enquadra. Se a sua idade não consta em nenhuma das etapas da campanha, não se preocupe. Como a maior parte da população brasileira faz parte dos grupos de maior risco e, portanto, será vacinada, o risco de contágio das demais pessoas após a campanha será insignificante. E, uma vez estabelecido este controle, os raros casos de gripe que eventualmente ocorrerem após a vacinação, serão facilmente detectados e tratados. Em 2011, a produção da vacina já estará estabilizada e então haverá uma campanha de vacinação que atenderá toda a população.

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LENDAS URBANAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS – Parte I

sábado, 20 de março de 2010


É inegável para qualquer um de nós a enormidade das facilidades que a popularização da Internet, ocorrida em meados da década de 90 do século passado, trouxe. Até mesmo aqueles que não a utilizam, reconhecem o seu valor.

A princípio, a internet era um ambiente linear, nem um pouco atrativo e com ferramentas limitadas, passando a falsa idéia de que era pequena demais, sem muito alcance, até que os mecanismos de busca afloraram e se descobriu sites com conteúdo interessantes nos confins do mundo! Então surgiu o gigante Google, dominando o sistema de buscas por links relevantes e, com isso, ampliando de forma significativa este universo virtual.

E falando de universo, no meio da mesma década de 90, surgiu aqui no Brasil o UOL, Universo On Line, um portal de informações e entretenimento que massificou o uso da internet em nosso país, seguido pelo portal IG, que na época era uma sigla com outro significado: Internet Gratuita; que propunha o acesso (discado) gratuito a todos brasileiros. A briga continuou e o UOL lançou o serviço BOL, Brasil On Line, proclamando que todo cidadão tinha o direito de ter um e-mail gratuito.

Foi neste farto e próspero ambiente que, inevitavelmente, começou a surgir um mal muitas vezes maior que os vírus de computador, que já assolava os menos precavidos desde o início da internet.
Este mal é conhecido como Hoax; explicando:  trata-se de uma informação errônea ou simplesmente um boato, que é disseminado de forma aleatória entre os usuários da internet, usando como meio de propagação as mensagens eletrônicas, os conhecidos e-mails.  É como se fosse um vírus, só que ideológico!

Este mal se tornou ainda maior com o advento das redes sociais, a “coqueluche” dos nossos dias. Agora, estes boatos que chegam até nós pelos e-mails, acabam sendo comentados e ampliados através do Facebook, Orkut, My Space, Twitter, Windows Live e tantas outras redes sociais que eventualmente fazemos parte.

A coisa é antiga e, hoje em dia, não tem como vítimas apenas os incautos que acreditam em tudo que é depositado na internet, mas também pega de jeito até mesmo os mais incrédulos, pois muitas vezes tais boatos são recheados de indicativos aparentemente fidedignos, como links para sites que enaltecem a suspeita veracidade daquelas informações.

A impressão que fica é que existem organizações de desocupados muito bem aparelhadas, com o único intuito de provocar estardalhaço e polêmicas gratuitas na sociedade.

Exemplo recente do que estou dizendo, é o caso do Auxílio-Reclusão, já apelidado por muitos de "bolsa-bandido”, “auxilio criminoso” e “bolsa-marginal”, devido a uma corrente de e-mails que está causando uma verdadeira guerra psicológica de desinformação.

Segundo este boato que corre livre, “coincidentemente” neste ano eleitoral, este benefício previdenciário oferecido pelo Governo, “não passa de uma incoerência injusta criada pelo nosso Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que usa o dinheiro público para pagar, de forma abusiva, quase dois salários mínimos aos detentos, sem nem mesmo ter consultado a sociedade sobre a implantação desta lei absurda”.

O mais engraçado é que até poucos dias eu desconhecia a repercussão deste “terrorismo social”. Foi só no final de semana passado que ouvi uma amiga me perguntar sobre o que eu achava a respeito deste “insulto” que o Lula fez com todos nós! Que absurdo uma declaração dessas! Na hora eu não estava acreditando que aquela minha amiga, uma mulher intelectualizada, que passou por duas faculdades e se mantém estabilizada graças a sua brilhante carreira profissional, estava diante de mim comentando uma notícia totalmente desprovida de verdade, fruto de um e-mail recebido que, por sua vez, fora enviado por um colega comum a nós dois, que é ( pasmem! ) um Vereador!

Disse a esta minha amiga que se tratava de um engano muito sério, mas não pude comprovar o que eu dizia, já que no momento não dispunha de nenhuma argumentação pautada em dados verdadeiros que pudessem ser mostrados naquela hora. Se eu tivesse um notebook ligado a internet, poderia facilmente comprovar que aquilo não passava de um boato infundado!

Alguns dias depois, num tópico de uma comunidade que freqüento no Orkut, o mesmo assunto veio à tona novamente, dessa vez através de um colega indignado com esta suposta notícia, que também chegara até ele através de um e-mail! Pronto, estava confirmada a minha suposição de que este boato deturpado sobre o Auxílio-Reclusão era mesmo mais um hoax espalhado pela internet, com intenções de minar um dos lados da já conflagrada disputa eleitoral deste ano!

Longe de querer proteger o PT ou o nosso Presidente, quero apenas colocar esta questão em “panos limpos”, afirmando o quão prejudicial pode ser um boato desse tipo, que fere a confiança que poderíamos ter neste meio de comunicação que é a internet, enquanto propagador de notícias.

Na realidade, o Auxílio-Reclusão é um beneficio previdenciário social regulamentado pelo Artigo 80 da Lei nº 8.213/91 e Artigos 116 ao 119 do Decreto nº 3.048/99 (os dois dígitos após a barra, indicam os anos em que foram promulgadas as determinadas leis e decretos). Por aí já dá para perceber que não tem nada a ver com o atual Governo.

A Lei nº 8.213/91 foi assinada em 24 de julho de 1991 pelo então Presidente Fernando Collor de Melo e pelo Ministro do Trabalho An
tonio Magri. E o Decreto nº 3.048/99 foi assinado em 06 de maio 1999 pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso e seu Ministro da Previdência Social Waldeck Ornélas.

Antes, porém, já encontramos esta mesma Lei estabelecida na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, através do Parágrafo IV do seu Artigo 201, que diz:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei:

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda".


Esta redação foi dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, que "modifica o sistema de Previdência Social, estabelece normas de transição e dá outras providências" e foi assinada por Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, e por Antonio Carlos Magalhães, então Presidente do Senado Federal.

Muito antes disso, o “novíssimo” Auxílio-Reclusão já aparece no Artigo 22 da Lei nº 5.890 de 8 de junho de 1973, assinada pelo Presidente Emílio Garrastazu Médici e pelo Ministro Júlio Barata, que na época comandava duas pastas em uma: a do Trabalho e a da Previdência Social.

E para dar um basta definitivo neste boato sem pé nem cabeça, fui mais fundo na pesquisa e descobri que este mesmo Auxílio-Reclusão apareceu pela primeira vez em nossa legislação na Lei nº 3.807 de 26 de agosto de 1960, intitulada LOPS - Lei Orgânica de Previdência Social, que dispõe de forma clara o seguinte:

Art. 43. Aos beneficiários do segurado, detento ou recluso, que não perceba qualquer espécie de remuneração da empresa, e que houver realizado no mínimo 12 (doze) contribuições mensais, a previdência social prestará auxílio-reclusão na forma dos arts. 37, 38, 39 e 40, desta lei.
        § 1º O processo de auxílio-reclusão será instruído com certidão do despacho da prisão preventiva ou sentença condenatória.
        § 2º O pagamento da pensão será mantido enquanto durar a reclusão ou detenção do segurado o que será comprovado por meio de atestados trimestrais firmados por autoridade competente
”.

A Lei nº 3.807 de 26 de agosto de 1960 foi assinada pelo Presidente Juscelino Kubitschek, ou seja, a “mais nova investida do PT contra a sociedade brasileira”, conforme proclama os e-mails que andam circulando atualmente pela internet, vai completar no próximo mês de agosto, meros 50 anos de vigência!



*Para pensar:  Tá na cara que os inventores deste boato são opositores do PT ou do nosso atual Presidente, e que lançaram mão deste artifício ilusório com a intenção de perpetrar uma mácula na campanha eleitoral da sucessão presidencial deste ano. Porém, até então havia uma considerável falta de informação sobre este direito previdenciário, como aponta os dados informados pela Previdência Social em agosto de 2009, quando somente 30.380 pessoas eram beneficiadas pelo Auxílio-Reclusão, dentro de uma população carcerária nacional de 470.000 presos. Ou seja, apenas 6,75 % dos detentos tinham conhecimento e usufruíam deste benefício, ao passo que agora, após esta massiva divulgação, com certeza teremos um aumento extremamente relevante de novos beneficiários. A conclusão é que a Oposição, fazendo uso da contra-informação, deu um péssimo tiro que saiu pela culatra, pois com o inevitável aumento que acontecerá, por conta dos novos beneficiários, corre-se o risco de vivenciarmos um novo colapso nos cofres da Previdência Social!

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Reforma Agrária: é possível? - SOLUÇÕES PARA O BRASIL

domingo, 14 de março de 2010


Volto hoje a discutir mais um tema da série SOLUÇÕES PARA O BRASIL, promovendo desta vez algumas ideias a respeito da questão da Reforma Agrária em nosso país, um tema já bastante "gasto", mas que ainda não foi devidamente implementado.

Estudos mostram que a migração do homem do campo para os grandes centros comerciais é um dos maiores fatores da formação da pobreza urbana, que castiga inúmeras famílias quando se deparam com a frustração dos seus sonhos de melhoria de vida. E esta triste realidade vem ocorrendo há muito tempo, sem que se faça algo de concreto para frear este surto de migrantes e suas inevitáveis falências monetárias e morais nas ruas das grandes cidades.

O problema está aí por todo lado. A formação de novas favelas, de comunidades de antigos moradores que não agüentaram mais viver no campo sem a mínima adequação de sobrevivência e o aumento do número de “moradores de rua”, ex-operários rurais em sua maioria.

Não estou pregando a expulsão ou a não admissão de cidadãos oriundos da zona rural em nossas cidades, mas quero mostrar aqui o porquê que isto acontece e as possíveis formas de evitar esta truculência social, que só mina por completo as chances destes cidadãos alcançarem uma qualidade de vida desejável e a conseqüente manutenção de suas famílias.

Este êxodo é visível desde o início da era industrial em todas as partes do mundo, porém temos aqui no Brasil uma condição ampliada a partir da década de 50 do século XX, quando teve início o fomento de novas e diversificadas indústrias nos grandes centros comerciais, atraindo os insatisfeitos com a vida no campo. E isto só começou a ocorrer porque desde aquela época o Governo já não olhava com o devido entusiasmo o andar da população que vivia na zona rural. Nunca tivemos uma política que visasse a melhoria de vida do trabalhador rural, e esta falha histórica criou a catapulta social que jogou e ainda joga milhares de pessoas desprovidas de uma qualificação profissional industrializada direto do campo para o asfalto, sem nenhum amparo.

O Brasil ouve falar da Reforma Agrária desde o início da República e até hoje nenhum Governo assumiu a responsabilidade de tratar este tema social como prioridade. Daí surgiu diversos movimentos no decorrer da história até culminar no atual e já antigo MST. Porém, parece que ninguém, nem mesmo o MST, conseguiu enxergar ainda que a industrialização já é algo quase que totalmente presente também no campo. Por isso, acredito que hoje em dia discutir a volta do homem do campo ao seu habitat e promover desapropriações de terras para que seja implantados sistemas de agricultura familiar ou de subsistência, não passa de uma retórica insustentável!

O campo mudou. A zona rural hoje não é mais a mesma de 60 anos atrás. Não podemos cercear o desenvolvimento agropecuário, que nos garante uma sustentação econômica e uma posição de destaque no mundo, em troca da formação de novas aldeias e comunidades de pessoas que já vivem fora do campo há mais de uma geração. Temos sim que profissionalizar e educar estas pessoas e garantir a entrada delas no mercado de trabalho formal ou informal que já existe nos grandes e pequenos centros comerciais e industriais.

A questão aqui é encontrar um meio de manter as demais pessoas que ainda estão no campo e proporcionar a elas uma condição aceitável de vida. E só podemos fazer isto se olharmos primeiramente para as crianças do campo que hoje, lamentavelmente, acabam largando os estudos para ajudar a família nas plantações de subsistência ou no trabalho quase escravo que são submetidos em colônias rurais medievais que ainda prosperam pelo interior do país.

O Governo deve inserir um programa de educação mais direcional e auto-sustentável para que as crianças dessas famílias possam contribuir na melhoria da qualidade de vida no campo, enaltecendo a cultura regional, o conhecimento da história ruralista do Brasil, para então conseguirem se posicionar adequadamente neste novo contexto da indústria do agronegócio, formando futuros profissionais que aprenderão suas funções e as exercerão no mesmo ambiente em que nasceram, ou seja, sem a necessidade de fugirem para a cidade.

O ensino técnico de métodos da agricultura moderna, o aprendizado do manuseio de máquinas e veículos rurais, desde o mais simples trator até a mais sofisticada colheitadeira totalmente computadorizada e também a criação de Universidades Rurais públicas com cursos de formação de tecnólogos, agrônomos, biólogos, geólogos e outras tantas profissões inerentes ao campo, são ações que podem mudar este quadro de miséria das famílias que vêem seus filhos crescerem sem nenhum amparo social e sem a chance de alterar o futuro daqueles que ainda vivem no campo.

Esta sim seria a atual Reforma Agrária, sem conflitos e ideologias amparadas pela máquina eleitoral e sem o abuso sórdido dos sindicatos, organizações e movimentos que dizem defender a bandeira do homem do campo, quando na verdade apenas querem satisfazer desejos escusos e promover pseudo-líderes sociais.

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MATARAM UM CARA MUITO LEGAL!

sábado, 13 de março de 2010

O cartunista Glauco Villas Boas e seu filho Raoni foram brutalmente assassinados na madrugada desta sexta-feira, dia 12 de Março, dentro da sua própria casa em Osasco, SP.

O suspeito de ter cometido o duplo assassinato, Carlos Eduardo Sundfeld, era amigo da família do Glauco e já havia frequentado a igreja Céu de Maria, fundada por Glauco há 15 anos, na qual se fazia uso religioso da bebida alucinógena Santo Daime.

Glauco iniciou sua carreira no jornal Diário da Manhã no começo dos anos 70, publicando quadrinhos humoristicos, as conhecinhas "tirinhas". Após ser premiado no Salão de Humor de Piracicaba, começou a publicar também os seus desenhos na Folha de São Paulo.


Junto com o editor Toninho Mendes e os cartunistas Angeli e Laerte, criou a revista de humor em quadrinhos "Chiclete com Banana" nos anos 80.

Durante quase quatro décadas ele nos presenteou com sua visão caricata do universo humano através dos seus hilários personagens: Geraldão; Geraldinho; Dona Marta; Netão; Casal Neuras; Doy Jorge; Zé do Apocálipse; Ficadinha; Faquinha; Cacique Jaraguá; Edmar Bregman; Zé Malária; Ozetês; Nojinsk, além dos diversos coadjuvantes que contracenavam com seus personagens.

Confesso que ainda estou atordoado com esta notícia. Estou hoje com 38 anos de idade e acompanho o trabalho artistico do grande cartunista Glauco desde a minha adolescência, quando consumia, com muito prazer [desde o primeiro número] a revista Chiclete com Banana, dos insuperáveis Los 3 Amigos, Glauco, Angeli e Laerte, como também me divertia, como ainda hoje me divirto, com as tiras publicadas na Folha.

Perdemos nesta sexta-feira duas gerações que pensavam a condição do ser humano através do humor gráfico. Glauco e Raoni trabalhavam juntos. Pai e filho seguiam a mesma trilha que foi aberta lá atrás pelo grande Henfil, questionando as ações e comportamentos da sociedade, sempre focando o jovem e mostrando que só as novas gerações são capazes de mudar o "país da piada pronta".

A crítica ácida que Glauco impunha em seus desenhos, arranca risadas espontâneas de todos que lêem suas tiras, mas também nos faz pensar em como nós, humanos, somos tragicamente engraçados.
E como foi trágica a morte de Glauco e do seu filho. Entre o seu humor saudável e a dura realidade, descobrimos de forma lamentável uma versão sórdida e desumana do querido personagem Geraldão, na pele de um jovem viciado e sem futuro, que aniquilou de uma só vez dois grandes brasileiros, deixando uma ferida incurável numa família e em milhões de cidadãos como eu e você, que já não aguentam mais conviver com a terrível incerteza diária de que estaremos ou não vivos no café da manhã do dia seguinte!

O suspeito destas duas mortes possui passagem criminal por uso de drogas e, até o momento desta postagem, ainda não foi localizado pela polícia.

Não me importa a droga que este assassino usa. O que me importa e me choca ao mesmo tempo, é saber que ainda existem pessoas que proclamam a descriminalização da maconha, considerada por muitos uma droga leve. Maconha é uma droga como outra qualquer e, se a liberarem hoje, o que será que vão liberar amanhã? Cocaina? Crack? Entorpecentes químicos? Heroina? Basta! O que precisamos é um tratamento mais severo das autoridades em relação não só ao tráfico como também ao uso de quaisquer drogas, independente da quantidade!

E este assassino não deve ser tratado como mais um caso psicológico. Ele sabia o que estava fazendo. Se fosse um idiota ou tivesse realmente problemas mentais, ele continuaria na cena do crime de forma passiva. Então, neste caso, espero que não vejamos a mão conciliadora dos Direitos Humanos ou o discurso freudiano de psicólogos e psiquiatras em favor deste monstro que tirou as vidas do nosso insubstituível Glauco e do seu filho Raoni.

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Historinhas de Bicho-Papão

sexta-feira, 12 de março de 2010


Não é de hoje que os Estados Unidos, através do seu oráculo duvidoso chamado C.I.A., vem tentando amedrontar a opinião pública internacional com seus infundados receios de levante terrorista em cada canto deste mundo, todos partindo supostamente dos países que integram o Oriente Médio, o covil do famigerado “Bicho-Papão”!

Crescemos ouvindo fábulas repetitivas sobre ameaças tiranas vindas do Iraque, Afeganistão e Irã. Mais recentemente o Bicho-Papão tirou férias na Coréia do Sul, mas sabemos que décadas atrás ele também já residiu na Rússia!

Agora, ao que tudo indica, a nobre morada deste monstro maligno volta a ser o Oriente Médio, mais precisamente no representativo Irã. Assim nos tenta assustar a C.I.A. e todos os demais órgãos do governo americano interessados no ouro-negro.

Os Estados Unidos agem da mesma forma que muitos pais que desejam restringir a hiperatividade dos seus filhos pequenos, promovendo pavor através de apelativas ameaças embasadas em histórias de Bichos-Papões, Homens-do-Saco, Mulas-sem-cabeça e outros entes fantasmagóricos do imaginário infantil. Como esses pais desesperados, os Estados Unidos também possuem outros intentos camuflados por trás da imposição de disciplina que querem instigar em seus filhos, ou seja, esses pais que contam essas histórias macabras querem mais que seus filhinhos corram pra cama e durmam rapidamente, parando assim de encherem os seus sacos, para então poderem se dedicar aos seus prazeres individuais, como um jantarzinho fora, uma balada com os amigos ou simplesmente uma boa noite de sexo!

Com os Estados Unidos as segundas intenções por trás das suas historinhas de terror, (leia-se “supostos atentados terroristas e extermínio da raça humana através do uso de armas nucleares”) são mais simples ainda: eles só querem se divertir com o petróleo dos outros!


Mas a política de hegemonia dos Estados Unidos sobre os demais países não se restringe apenas a conquista comercial do petróleo. Eles querem tudo!

Só que agora eles enfrentam um inevitável problema: os “filhos pequenos” que eles sempre assustaram com suas historinhas, cresceram e hoje são “adolescentes rebeldes”. Exatamente como todos os pais, os Estados Unidos não conseguem enxergar que seus “filhinhos” não vão mais obedecê-los da mesma forma ingênua que antes, quando eram “crianças apavoradas” e, com isso, insistem em continuar contando suas historinhas de assombração!

Exemplo bem recente desta contradição podemos ver na “guerra” comercial que começa a se formar entre os Estados Unidos e Brasil. A coisa toda parece recente, mas começou lá atrás em 2002, quando representantes do agronegócio brasileiro contestaram os subsídios que os Estados Unidos ofereciam aos seus plantadores de algodão, impondo, de forma desleal, uma distorção brutal no preço mundial deste produto, prejudicando assim a exportação em geral. O algodão americano ficou barato porque o governo ajudava excessivamente os produtores, enquanto que no resto do mundo não havia nenhum produtor de algodão que conseguia chegar ao preço americano. 

A coisa ficou feia e o Brasil fez denuncia a O.M.C. (Organização Mundial do Comércio). O Brasil ganhou a causa e a O.M.C. determinou que os Estados Unidos recuassem nas medidas.


Os anos se passaram e nada aconteceu. E agora, que o Brasil já é um “adolescente brigão”, chamou os Estados Unidos pro pau:  a O.M.C. nos autorizou a aplicar sanções comerciais na ordem de 829 milhões de dólares contra os Estados Unidos e, no último dia 8 de Março,
segunda-feira, o governo brasileiro anunciou um pacote com 102 tipos de produtos importados dos Estados Unidos que passarão a ter uma tarifação elevada. Como se isto não bastasse, ainda fomos autorizados pela O.M.C. a estender as sanções às áreas de serviços e propriedade intelectual!

Se as coisas não se acertarem, o Brasil pode quebrar patentes americanas. É um marco em termos de decisões da O.M.C., que automaticamente se transforma em mais uma ferramenta de controle de abusos comerciais futuros, disponível agora a todos os países que resolverem “peitar” o grande Tio Sam!

E como todo americano é costumeiramente paranóico, já se tem notícias na mídia de lá que nosso país “planeja violar direitos de propriedade intelectual de filmes e remédios”, segundo a rede de notícias Bloomberg. Eu sei, acabou de passar pela sua cabeça as letrinhas de Hollywood sendo colocadas no Pão de Açúcar no Rio de Janeiro e todas as nossas farmácias vendendo genéricos do Viagra!

Utopia? Não sei. Só sei que o cerco está apertando cada vez mais. Na última terça-feira, 09 de Março, o Senador americano do partido Republicano, Mike Johanns, ex-Secretário da Agricultura, disse ao Senado e à imprensa americana: “Vocês ficariam chocados com quanto apoio internacional o Brasil tem. Se for nessa direção, o Brasil terá muitos amigos. Não está sozinho! Preparem-se, eles vão pegar os setores mais sensíveis”.

É claro que teremos uma alta nos preços de alguns produtos importados que consumimos costumeiramente, mas o Governo brasileiro deixou claro que estes produtos relacionados na lista de taxação elevada não são tão prioritários na economia nacional, pois temos similares nacionais (sendo que muitos são melhores) e de outros países em nosso mercado.

E como é comum em nosso país, temos entre nós aqueles que proclamam a hegemonia americana a todo custo, na tentativa de minar o patriotismo brasileiro. Dentre essas pessoas (ou instituições) temos a sempre presente emissora de TV Rede Globo, que no decorrer desta semana pontuou diversas reportagens mostrando que a atitude do Brasil em se colocar na mesma posição de “superioridade” estadista do nosso Tio Sam, só trará prejuízos a nossa população. Evidente que o recado não foi assim tão explicito, mas a Rede Globo colocou no ar matérias apelativas em seus telejornais, dizendo que tudo vai ficar mais caro, até o pãozinho que compramos diariamente! Que palhaçada!

Sorte que o Governo observou isto e o nosso Ministro da Agricultura afirmou na mídia através da Agência Brasil que “falar em aumento de pãozinho é terrorismo!”.

E pra terminar, voltemos ao início deste texto, quando falei a respeito da C.I.A. Pois acontece que temos mais uma prova da ingenuidade dos Estados Unidos em pensar que ainda somos aquelas “criancinhas” assustadas com histórias de Bicho-Papão:  o diretor da C.I.A., Leon Panetta, alertou esta semana a Índia e o Brasil de que “os dois países enfrentam ameaças crescentes da Al Qaeda e do Taleban, indicando a necessidade de uma cooperação maior com os Estados Unidos”.

Pra mim parece que os Estados Unidos querem que sejamos um “bom menino” e que paremos de ser “mal-educados” e desapontar tanto o “titio” Sam, senão dois grandes Bichos-Papões vindo lá do Oriente Médio vão nos pegar!

Como diria o Robin ao Batman: “Santa Bobagem!!!”

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O primeiro Selo a gente nunca esquece!

quinta-feira, 11 de março de 2010

O titulo remete a uma premiada campanha publicitária do final dos anos 80 criada por Washington Olivetto, do qual faço uso para enaltecer o prêmio de reconhecimento "Master Blog", ofertado a este blog pela colega Psicóloga e escritora Tahiana Andrade, do blog Idiotizando.

Como manda a regra, indicarei nove blogs para receber o Selo Master Blog. Hoje apresento os quatro primeiros:

1) Blog da Vovó Neuza

2) Blog do Maroni

3) Eu gosto de uma coisa errada

4) Blog da Lu


E como tudo envolve propaganda, não poderia deixar de arrematar parafraseando outro reconhecido slogam: "Ganhar o Master Blog com menos de um mês de vida, não tem preço!"

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O Império continua Contra-Atacando!

quarta-feira, 10 de março de 2010


Hoje não vou escrever e sim re-publicar um artigo que saiu na Folha de São Paulo na última segunda-feira, dia 8 de Março.
Trata-se de um excelente texto escrito pelo Professor emérito da  F.G.V. (Fundação Getúlio Vargas) Luiz Carlos Bresser-Pereira, que também é ex-ministro da Fazenda (do Governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro Governo F.H.C.) e da Ciência e Tecnologia (segundo Governo F.H.C.), além de autor da magnífica obra “Globalização e Competição” (publicado pela Campus/Elsevier), com suas versões em inglês e francês publicadas pela Cambridge University Press  e pela editora La Découverte, respectivamente.

Cabe um breve histórico deste relevante brasileiro: Bresser-Pereira é Professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo desde março de 1959; Professor titular desde 1972; primeiro Professor Emérito da Fundação Getúlio Vargas, desde 2005. Inicialmente foi Professor de Administração e, desde 1967, de Economia. Oferece cursos regulares de Sociologia Política na EAESP/FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas) e de Economia na EESP/FGV (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas).

É também Presidente do Centro de Economia Política e editor da Revista de Economia Política / Brazilian Journal of Political Economy, desde 1980, além de Professor associado da EHESS – École d’Hautes Études en Sciences Sociales, e da Maison des Sciences de l’Homme, em Paris, onde oferece um curso anual de quatro seminários desde 2003.

Como se todos estes títulos não bastasse, Bresser ainda é Colunista da Folha de S. Paulo desde 2005, escrevendo regularmente nesse jornal desde 1976, alguns momentos como autor isolado, outras vezes como colunista.

A autorização para publicar este artigo me foi concedida através de um comunicado emitido pela Secretária do senhor Bresser, Cecília Heise.
Transcrevo na integra o artigo intitulado “Irã e a Proliferação nuclear”:



Luiz Carlos Bresser-Pereira
Folha de S.Paulo, 08.03.2010

“O mundo tem problemas muito mais graves do que a eventual entrada do Irã no clube das potências nucleares”

“A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, esteve no Brasil na semana passada para convencer nosso governo a apoiar novas sanções econômicas contra o Irã, mas não obteve êxito. Talvez porque os interesses do Brasil nesse caso não sejam os mesmos dos EUA, ou porque nossa avaliação do problema da proliferação nuclear seja diferente da americana.

Depois do Iraque e de suas armas de destruição em massa, o Irã se tornou "o grande problema" da política internacional, e os Estados Unidos e a Europa ameaçam esse país com novas sanções, porque estaria construindo capacidade nuclear. Tenho dúvidas de que seja essa a motivação principal contra o Irã, dada a "lógica" da política internacional americana desde o 11 de Setembro, mas não vou me ater a essa questão.

A pergunta mais importante é: será que o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares é tão relevante para a paz mundial? Há um pressuposto tácito entre os bem pensantes de todo o mundo de que o tratado é fundamental para a paz, de forma que ninguém se dispõe a discuti-lo, mas é preciso fazê-lo.

Dois são seus objetivos formais: impedir que novos países se tornem capazes de produzir armas atômicas e promover o desarmamento nuclear dos países potências nucleares. Entretanto, significativamente, nenhum desses dois objetivos definidos em 1970 está sendo cumprido. Depois do tratado, a Índia, o Paquistão, Israel e provavelmente a Coréia do Norte se tornaram potências nucleares. E não houve sanções maiores contra os três primeiros países. Por outro lado, não tenho notícia da redução que o tratado previa dos arsenais atômicos dos grandes países.

Embora isso não esteja escrito, o objetivo maior do tratado é impedir que "países irresponsáveis" se armem nuclearmente. É impossível não estar de acordo com essa idéia. Mas o que é um país responsável? Por que o Paquistão e Israel são responsáveis enquanto o Irã não é? Não tenho dúvida quanto ao perigo de um país como a Coréia do Norte, enquanto é difícil, para mim, ver mais perigo no Irã do que, por exemplo, no Paquistão. O Irã é um grande país, herdeiro de uma civilização milenar. Entre os países do Oriente Médio, só a Turquia se compara a ele em termos de desenvolvimento. E é um país que se sente gravemente ameaçado desde que realizou sua revolução nacionalista e islâmica, em 1979.

A questão da ameaça é importante. Os grandes países não cumpriram o tratado, não se desarmaram, porque isso não é do seu interesse nem, creio eu, do interesse do resto do mundo. Ainda que haja outras razões para a paz mundial existente entre os grandes países desde 1945, a "détente" nuclear continua a ser uma delas. Nenhum país ousa atacar outro que tenha força nuclear. Ora, se a posse de armas atômicas é uma boa razão para a Rússia ou a para China não atacarem os EUA e vice-versa, por que não seria também uma boa razão para Israel não atacar o Irã e vice-versa? Os israelenses não tiveram dúvida quanto a essa questão. Por que os iranianos teriam menos legitimidade em ter a mesma opinião?

As armas nucleares são um perigo para todo o mundo, mas são também uma razão para que potências nucleares não façam mais guerras entre si. Não vivemos no mundo perfeito dos nossos sonhos, mas isso não se deve à existência de armas nucleares. O mundo tem problemas muito mais graves do que a eventual entrada do Irã no clube das potências nucleares. Vamos tratar desses problemas e deixar o Irã em paz”.



Caro leitores, que fique o recado muito bem passado pelo Professor Bresser. Amanhã vou publicar um texto que estou terminando de redigir, sobre o insistente papel dos Estados Unidos de servir como “pai” do mundo.

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As Mulheres só conquistaram Direitos após muita Dor e muita Luta

segunda-feira, 8 de março de 2010


FATOS

O Dia Internacional da Mulher surgiu para homenagear 129 mulheres queimadas vivas em uma fábrica de tecidos em Nova York, em 8 de março de 1857, por reivindicarem um salário justo e a redução da jornada de trabalho. A polícia acabou por trancar as portas da fábrica e ateou fogo no imóvel, o que veio a custar a vida dessas 129 mulheres.

No momento do incêndio, era confeccionado um tecido de cor lilás, origem da cor do movimento pelos direitos da mulher em todo o mundo.

No código eleitoral Provisório (Decreto 21076), de 24 de fevereiro de 1932, o voto feminino no Brasil foi assegurado após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. Fruto de uma longa luta, iniciada antes mesmo da Proclamação da República, foi ainda aprovado parcialmente por permitir somente às mulheres casadas e às viúvas e solteiras que tivessem renda própria, o exercício de um direito básico para o pleno exercício da cidadania. Em 1934, as restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código Eleitoral, embora a obrigatoriedade do voto fosse um dever masculino. Só em 1946 a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres.

Durante a ditadura militar no Brasil, 1964-1984, foi proibida a comemoração do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, por esta razão, instituiu-se o 30 de abril como Dia Nacional da Mulher, para desta forma, escapar da proibição.

Em 1981, durante o I Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, o dia 25 de novembro foi designado como Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, em homenagem a três irmãs, ativistas políticas: Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal. Elas foram brutalmente assassinadas pela ditadura de Leonidas Trujillo, na República Dominicana.

A ONU reconheceu a data só em março de 1999, alterando discretamente seu nome para Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. O reconhecimento desta data pode ser considerado uma grande vitória do movimento de mulheres da América Latina.

Em 7 de agosto de 2006 foi aprovada a Lei Maria da Penha. Ela tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher; cria mecanismos para coibi-la; dispõe sobre a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; possibilita a prisão em flagrante do agressor e impõe mais rigor à punição. Aborda o tema polêmico com a firmeza que merece, mas que não era aplicada até então.

O nome Maria da Penha, que identifica e populariza a Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, pertence a cearense Maria da Penha Maia. Em 1983, ela foi ameaçada duas vezes pelo marido, o professor universitário Marco Antônio Herredia, com arma e eletrochoque. Acabou baleada pelas costas. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas entre 6 e 2 anos de idade. As investigações começaram em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984.

Num Brasil ainda sem diretrizes específicas, houve demora no julgamento e Maria acionou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) que, em 2001, condenou o Brasil com base na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, de 1994.

Demorou, mas em outubro de 2002, Marco Antonio Herredia Viveiros, o ex-marido de Maria da Penha, foi condenado a oito anos de prisão. Cumpriu dois deles em regime fechado e agora se beneficia do semi-aberto. Maria da Penha então tomou mais fôlego e tornou-se símbolo da luta feminina. De vítima passou à militante, que vibrou com a aprovação da Lei nº 11.340.

Em pouco tempo, a Lei Maria da Penha contribuiu para a mudança de postura das vítimas, que passaram a denunciar agressões com mais freqüência.




Alguém que nunca sofreu uma agressão seria capaz de imaginar a dor, ou de pesar os sentimentos de raiva, impotência e humilhação que abatem uma mulher vítima de violência? Sentimentos esses potencializados diante do preconceito de parte da sociedade, que ainda prefere não meter a colher numa briga entre casais, ou de profissionais despreparados para receber e orientar as vítimas? Provavelmente, não. 

Por isso, nesta segunda-feira, dia 08 de Março de 2010, você, homem ou mulher, reserve um tempinho para pensar sobre esta importante data.




As agressões em números

Confira os principais resultados da pesquisa de opinião “Percepção e reações da sociedade sobre a violência contra a mulher”, realizada pelo IBOPE para o Instituto Patrícia Galvão, em maio de 2006 (antes da aprovação da Lei nº 11.340).

Foram realizadas 2.002 entrevistas em 142 municípios, com brasileiros de 16 anos de idade ou mais:

- O ciúme é o segundo motivo para agressões contra mulheres. Em primeiro lugar, para 83% da população, os homens agridem as mulheres após o consumo de bebidas alcoólicas;

- De 2004 a 2006, aumentou o nível de preocupação com a violência doméstica em todas as regiões do País, menos no Norte/Centro-Oeste que já tem o patamar mais alto (62%). Na periferia das grandes cidades, esta preocupação passou de 43% , em 2004, para 56% , em 2006;

- 51% relataram conhecer ao menos uma mulher que foi ou é agredida pelo companheiro;

- 65% acreditam que atualmente as mulheres denunciam mais quando são agredidas; ou porque estão mais informadas (46%) ou porque são mais independentes (35%);

- 64% dos entrevistados defendem prisão para os agressores.

Fonte: CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

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